j.c.


            Pai - Manuel   (1914:03:21)-(1967:08:23)     Mãe - Maria Lídia  (1915:06:05)-(1993:11:28)


      No ano anterior tinha começado a 2ª Guerra Mundial
                                                    *
 Do hospital foi viver para o Lugar da Timpeira, numa casa com uma grande varanda onde aprendeu a gatinhar. Próximo, na mesma pequena rua, ainda existe hoje um prédio rústico que era habitação dos seus avós paternos; só conheceu a avó Maria que faleceu em 1954 com mais de 70 anos. Dos avós maternos apenas sabe quem foi o avô e que a avó era empregada doméstica do mesmo, tendo falecido no Vidago de onde era natural; sua Mãe, Maria Lídia, foi criada por uma ama, na rua do Rossio, Vila Real. Teve como padrinhos o Doutor Júlio Teixeira e esposa; viviam numa casa comprida logo do lado nascente da primeira; Manuel que era sapateiro, foi depois condutor do automóvel do Sr. Doutor que ainda lhe conseguiu um lugar na PSP da cidade.
Aos 2 anos de idade, foi com os pais morar na cidade, numa casa humilde sem saneamento nem água canalizada; anos mais tarde o pai conseguiu melhorar as coisas e foram vivendo modestamente conforme o dinheiro da profissão de polícia, enquanto a mãe cuidava de todos e lavava roupa dos clientes, no "rio das lavadeiras", um ribeiro na margem do Corgo, roupa que depois passava a ferro e assim conseguia uns tostões para compor a mesa; também consertava as malhas caídas das meias de nylon das senhoras clientes.
Em 12 de Maio de 1941 nasce o irmão Marcelino de quem foi um autêntico irmão, amigo, protector e cúmplice durante dezenas de anos.
Recorda-se que aos três anos de idade, depois de a mãe lavar o soalho de madeira com água e sabão, brincando com o irmão escorregou e partiu o pé direito contra uma esquina da cozinha.
Assim começa a fase mais dolorosa de uma vida mal sucedida.
Tratado pelos médicos da cidade, seu padrinho Dr. Júlio Teixeira, Dr. Mário Durão, Dr. Mário Vilar, não conseguiram consertar os ossos do pé, passou por uma tuberculose óssea e andou engessado até ao joelho um tempo que não sabe quantificar, ficando com a perna definhada, frágil e sem poder articular o pé.

 

 

[hospital] 

[casa]

[prédio rústico]

[avô]

[padrinhos]

[casa nova] 

 

 

 

 

Quando chegou a altura de aprender as primeiras letras, 5 anos, os pais colocaram-no na Mestra, uma boa senhora baixinha e nutrida que recebia crianças para aquele efeito; recorda-se que teve de decorar a tabuada toda porque a Mestra colocava o livrinho no cimo do armário quando tinha de fazer as contas; ainda hoje a sabe e utiliza porque a máquina dá mais trabalho e enganos. Tinha conseguido um berlinde, não sabe como, de modo que andava encantado com aquela esfera de vidro; levou-o para a Mestra e, um dia, foi obrigado a pô-lo sobre o fogão de lenha para não se distrair no trabalho; no final esqueceu-se dele, mas no dia seguinte o berlinde tinha desaparecido para sempre; nunca soube o que aconteceu ao seu berlinde que tanto gozo lhe dava.
As suas brincadeiras eram na rua com os outros rapazes, com caricas e carrinhos de lata ou de madeira; o Carlinhos, irmão da Irene, era o mais pequeno e mais querido por todos, atropelado aos 5 anos na Rua Direita e faleceu dos ferimentos; foi um desgosto enorme para todos.
Habilidoso de mãos e a lidar com ferramentas, construía brinquedos de madeira, com rodas, de cortiça, etc.  No final de 1946 entrou na Escola Carvalho Araújo, e as bases que já levava da Mestra, colocaram-no na 2ª classe. Foi este o melhor período da sua infância, pois gostava muito da escola, aprendia tudo com facilidade e o Professor gostava dele. Poucas vezes foi castigado com a palmatória e recorda-se das suas frágeis mãos vermelhas e doridas. O episódio marcante desta época, foi o facto de ter feito as provas de 4ª classe com Muito Bom e o Nini obteve uma distinção; logo depois, no exame de admissão ao Liceu, foi melhor que o Nini que não entrou.
-Os livros eram assim. . .